radiofonia da
hutukara
O objetivo das instalações de radiofonias nas comunidades da Terra Indígena
Yanomami – tendo em vista sua dimensão e difícil acesso – é fundamental e
muito necessário para fortalecer a comunicação dos Yanomami com
associação Hutukara, como forma de oferecer meios para melhorar a proteção
da terra indígena e o atendimento de saúde nas bases, além de contribuir para
diversas outras atividades da HAY, como os Produtos da Floresta.
Nos últimos anos, a Hutukara conseguiu um novo apoiador, o Instituto Clima e
Sociedade (ICS), que apoiou ações para realizar a manutenção e a expansão
da Rede de Radiofonia da HAY. Foi instalado um rádio novo na sede da HAY em Boa Vista e outros 14 rádios nas comunidades: Yawanapiwei, Xamani, Korekorema, Watoriki, Keeta/ Minau,
Thohipi (Alto Mucajaí), Hemarapiwei, Kawani, Rasasi, Xihopi, Uxixi u, Waroma,
Haxiu e Tikutui (Surubai).
sistema da radiofonia na TI yanomami
comunicadores
YANOMAMI E YE’KWANA
COMUNICADORES YANOMAMI E YE’KWANA
Em 2018, a Hutukara Associação Yanomami formou um grupo de 06 jovens comunicadores para serem formados em audiovisual, aprendendo a realizar vídeos e fotografias através do celular. Atualmente, o grupo é formado por jovens das regiões do Demini, Missão Catrimani, Palimiú e Auaris.
Na 1ª Oficina dos Comunicadores YY, os jovens aprenderam o que é comunicação para não-indígenas, a importância de se aproximar do trabalho da Hutukara para informar os Yanomami e Ye’kwana nas comunidades e fortalecer a associação.
A 2ª Oficina dos Comunicadores YY aconteceu em 2019 e foi um aprendizado para elaboração de textos e de programas de rádio, compartilhando experiências com as jovens comunicadoras do Conselho Indígena de Roraima (CIR).
Em 2020 não houve oficina por conta da pandemia da Covid-19, mas em 2021 a Hutukara realizou 3ª Oficina dos Comunicadores YY, onde os jovens aprenderam a fazer vídeos e contar histórias com imagens utilizando seus celulares. Aprenderam técnicas de filmagem que são utilizadas no cinema e a montar o vídeo com programa de edição, no celular e no computador.
Em 2022, na 4ª Oficina dos Comunicadores YY, os jovens deram continuidade no aprendizado nas produções de vídeos. E em 2023 os comunicadores Yanomami e Yekwana se preparam e fizeram a cobertura do 4º Fórum de
Lideranças com vídeos e fotos. Ainda esse ano, o grupo se encontrou em uma oficina de edição de vídeos.
A Hutukara vai continuar a formação dos comunicadores para que a produção
dos seus materiais com vídeos e fotos possam circular na terra Yanomami, dentro das comunidades, para que eles possam contar aos próprios parentes o que está acontecendo no território na sua língua materna e mostrar aos não- indígenas o pensamento dos Yanomami.
FILMES YANOMAMI
Dos frutos das oficinas de comunicadores nasceram diversos cineastas Yanomami, entre eles, Morzaniel Iramari Yomami, diretor do filme Mãri hi – A Árvore do Sonho”, que conta com a participação do grande líder e xamã Davi Kopenawa, que nos conduzem nessa experiência apresentando o conhecimento dos
Yanomami sobre os sonhos. Este é o terceiro filme dirigido por Morzaniel, cineasta Yanomami já consagrado.
O curta-metragem integra a mais recente produção dos Yanomami, composta
também por “Yuri u xëatima thë – A Pesca com Timbó” (10min) e “Thuë pihi kuuwi – Uma Mulher Pensando” (9min), ambos dirigidos e filmados por Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino. Os jovens realizadores vivem na
região do Demini, na Terra Indígena Yanomami (TIY), situada entre os Estados de Roraima e Amazonas.
“A Pesca com Timbó” nos conta sobre o processo de pesca com timbó, o cipó
tradicionalmente empregado para atordoar os peixes, e “Uma mulher pensando” traz o olhar de uma jovem mulher sobre a yãkoana, substância
utilizada no trabalho dos xamãs, e estão entre os primeiros filmes dirigidos e filmados por mulheres Yanomami.
O registro dos três filmes foi feito na grande casa coletiva de Watorikɨ, na região do Demini (TIY) junto à produtora Aruac Filmes dentro do projeto “A Queda do Céu”, que conta também com a produção de um longa-metragem
livremente inspirado na obra homônima de Davi Kopenawa e Bruce Albert, dirigido por Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha. Em 2022, a Aruac organizou junto à Hutukara Associação Yanomami (HAY) e ao Instituto Socioambiental (ISA) uma oficina de montagem audiovisual que ensejou a produção dos três curtas.
Os filmes inauguram a nova produção audiovisual dos Yanomami, produzidos
por jovens que fazem parte de um grupo composto em 2018 pela Hutukara para se tornarem comunicadores e difundirem o trabalho da associação entre os Yanomami, e para outros povos e os não-indígenas, que assim poderão conhecer mais sobre o povo Yanomami e seus conhecimentos e ampliar a luta
pelos direitos indígenas sob novos pontos de vista, além de fomentar a circulação de saberes entre os jovens e os mais velhos.
“Queremos mostrar quem nós somos e acabar com o preconceito que ainda sofremos”, diz o vice-presidente da HAY, Dário Vitório Kopenawa Yanomami. Em 2023, o conjunto de três filmes integrou a exposição apresentada pela
Fundação Cartier ‘Claudia Andujar – The Yanomami Struggle’ que aconteceu no
museu The Shed em Nova Iorque. Nas artes contemporâneas, o filme vem
fazendo uma trajetória notável e é uma das obras selecionadas da Triennale de
Milão na Itália e, no Brasil, foi selecionado para a 35ª Bienal de São Paulo, um
dos principais eventos do circuito artístico internacional.
“Mãri Hi – A Árvore do Sonho” surpreende e encanta ao abrir uma rara janela
fílmica para a cosmovisão dos yanomami, expandindo assim Morzaniel Iramari
a paleta do cinema”, afirmou Amir Labaki, Diretor-Fundador do É Tudo
Verdade, Festival Internacional de Documentários, onde o filme estreou.
Com informações da Aruac Filmes.
"YANOMAMI PROTEGE A ALMA DA TERRA, MUNDO-GERAL."
DAVI KOPENAWA
lideranças
